O caso descrito na última postagem é um bom exemplo de como o raciocínio probabilístico pode deixar o clínico mais seguro quanto a suas conclusões, principalmente quando os exames mostram resultados contraditórios. Primeiro começamos pela probabilidade pré-teste de DAC obstrutiva. Utilizando o modelo proposto por Prior et al (Annals of Internal Medicine 1993;118(2):81-90), que utiliza dados clínicos simples, estimamos que a probabilidade pré-teste de DAC é 16% nesta mulher de 46 anos, com dor atípica. Ela fez uma cintilografia miocárdica que foi positiva para isquemia. O quanto este resultado muda a probabilidade de doença? Considerando a razão de probabilidade positiva da cintilografia de 3.6 (J Nucl Cardiol 2005;12:530-7), e aplicando o Nomograma de Fagan, esta mulher passa a ter probabilidade de DAC obstrutiva de 57%. Aumentou, mas não suficiente para que o médico se convença do diagnóstico. Então foi solicitado um angiotomografia, cujo resultado foi normal. O quanto este resultado muda a probabilidade de doença? Considerando a razão de probabilidade negativa da angiotomografia de 0.19 (Miller J. NEJM 2008;359:2324-2336), e aplicando o Nomograma de Fagan, esta mulher passa a ter probabilidade de DAC obstrutiva de 11%. Portanto, concluímos que a presença de DAC obstrutiva é improvável. Após a cintilografia positiva, ficou clara a utilidade da tomografia. Porém tem um a questão anterior a esta: precisávamos mesmo ter solicitado a cintilografia miocárdica como investigação?
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
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